Celso Jatene

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Os fatos ocorridos na ultima eleição da mesa da Câmara Municipal de São Paulo não foram inéditos, aliás, foram perfeitamente previsíveis.

No ano em que a casa legislativa paulistana comemorou seus 450 anos houve disputa para a eleição da mesa e como em outras dezenas de vezes houve uma batalha incansável dos dois lados para segurar ou seduzir os dez por cento do parlamento que não tem por hábito a firmeza nem de posicionamento nem de palavra.

Na minha visão esses aproveitadores de plantão que sempre existiram no decorrer desses 450 anos não são os culpados diretos pelas histórias e fatos consumados muitas vezes surpreendentes e até escabrosos que ouvimos e presenciamos. Eles estão lá, prontos para mudar de lado nas últimas horas. Mas a oportunidade só surge quando o coletivo falha e, conseqüentemente, se divide.

Quando o eleitor decide a representação parlamentar ele transfere às bancadas partidárias, aos blocos, grupos, módulos políticos internos, aos líderes, enfim a totalidade dos vereadores a prerrogativa, mas acima de tudo, o dever e a obrigação de zelar pela instituição.

A tradução da disputa é simples: o diálogo foi interrompido, as diversas forças políticas representadas na casa não conseguiram se entender, não houve desprendimento, os parlamentares não “parlaram” o suficiente para chegarem a um entendimento que pudesse contemplar as diversas correntes na condução do legislativo.

Nesses 450 anos o entendimento foi a regra, a disputa a exceção. Nos meus dez anos de mandato vivi onze eleições (isso porque essa eleição de 15 de dezembro vale para o mandato do próximo ano), foram sete em que houve o chamado chapão e quatro com disputa.

Sou da opinião de que, preliminarmente, a disputa pode ser encarada como incompetência coletiva (na qual eu me incluo), porque o poder legislativo não conseguiu levar a termo o caminho da estrada pavimentada do diálogo interno.

 Numa seqüência de raciocínio entendo que quando há disputa todos perdem: a produção legislativa fica comprometida, as notícias veiculadas pela imprensa, insistentemente, não são positivas fazendo com que os cidadãos deparem, diariamente, com informações negativas do legislativo e principalmente porque os oportunistas de plantão passam a ser os grandes protagonistas do processo, colocando em segundo plano os vereadores com posições firmes e claras, e até os candidatos que quando perdedores amarguram o mal companheiro e quando vencedores sentem o amargo da má companhia.

Que sirva de lição e que fique na história para que nas próximas sucessões de mesa possamos valorizar, acima de tudo, aquilo que nós homens públicos que formamos o todo da Câmara Municipal de São Paulo temos como missão, que é colocar os interesses da nossa cidade e das pessoas acima dos interesses de grupos e, principalmente dos interesses particulares daqueles que não merecem o respeito coletivo.

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