Celso Jatene

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Recentemente, a Secretaria do Trabalho e Solidariedade realizou importante estudo sociológico, cruzando os dados entre a variação do número de chefes de família atingidos pela linha de pobreza, em um determinado distrito, com o aumento da violência na mesma região. A análise dos resultados obtidos mostra que, dos dez distritos que tiveram aumento do número de pais de família empobrecidos, oito tiveram, proporcionalmente, um crescimento da violência.

Interessante notar que, no caso dos dez distritos que reduziram a pobreza, a situação se inverteu: em sete deles, a violência decresceu. No detalhamento desse trabalho, fica demonstrado que a violência aumenta paralelamente ao aumento da concentração populacional, associada também à extrema falta de condições básicas de sobrevivência, o que causa uma espécie de inadimplência econômico-social.

Pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo mostra que um morador da Grande São Paulo tem 40 vezes mais risco de ser assassinado do que um habitante da Espanha, país com população semelhante à do Estado de São Paulo. Na Grande São Paulo, as chamadas "causas externas" representam 15% da mortalidade, um dos maiores índices de violência do mundo, dado que tristemente nos coloca quase em pé de igualdade com capitais como Lagos, na Nigéria, Bogotá, na Colômbia, ou Joanesburgo, na África do Sul.

Segundo números publicados pelo IBGE, o crescimento da população que habita em favelas no município de São Paulo entre 1996 e 2000 foi quatro vezes maior do que o de cidadãos que utilizam-se de outras formas de moradia. Ou seja, o número de favelados subiu 25,4%, enquanto o total de habitantes da Capital não-favelados aumentou apenas 6%. A baixa renda familiar e a falta de uma política habitacional voltada aos mais carentes, leva ao crescimento desordenado e à consequente favelização da população. Outro triste quadro de nossa realidade urbana.

Esse perverso círculo vicioso entre violência e pobreza só será revertido através de investimentos sociais na melhoria do nível educacional da população. Teremos menos favelas e índices mais baixos de violência quando nossas crianças tiverem melhor educação. Se possível, em período integral.

Em nossa campanha nas eleições de 2000, coloquei como um dos principais compromissos a luta pela implementação do período integral para alunos da rede municipal de ensino, sendo cinco horas para o currículo escolar formal e mais três para atividades complementares, como aulas de informática e iniciação em práticas esportivas. De acordo com informações recentes da Secretaria Municipal de Educação, as vinte primeiras unidades de educação integrada já estão em processo licitatório, com entrega prevista para 2003.

Com o aumento da população de baixa renda (conforme provam os estudos citados), a demanda pelos programas sociais da Prefeitura de São Paulo tem atingido proporções assustadoras. Multidões têm formado filas imensas nos postos de cadastramento, de distribuição de cartões magnéticos e de inscrição de crianças para creches e escolas. Programas municipais como "Renda Mínima", "Bolsa Trabalho" e "Começar de Novo" são importantes, mas só resolveremos a nefasta equação que contrapõe pobreza x violência quando proporcionarmos a nossas crianças educação qualificada. A médio prazo, talvez seja este um dos caminhos para o "basta" contra a violência que a sociedade espera das autoridades.

 

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